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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Icterícia - Parte II


ANAMNESE E EXAME FÍSICO:

Durante a anamnese deve-se pesquisar: tempo de duração, intensidade e evolução da icterícia; cor da urina e das fezes e a presença ou não de prurido. A partir das informações colhidas, pode-se pensar em algumas hipóteses diagnosticas:

  • Início abrupto: Hepatites agudas, coledocolitíase, pancreatite
  • Início insidioso: Hepatopatia crônica ou neoplasias
  • Icterícia de instalação súbita e curso flutuante: Coledocolitíase ou tumor de papila

No exame físico, deve-se pesquisar icterícia na pele, palmas das mãos, lábios, freio lingual e, principalmente, nas conjuntivas, devido à riqueza de elastina que possui alta afinidade pela bilirrubina. Quando a icterícia é muito intensa e crônica, a pele pode ter um tom esverdeado devido à oxidação da bilirrubina em biliverdina.

A vesícula biliar só se torna palpável em condições patológicas. A obstrução do cístico quase sempre é de natureza calculosa ou inflamatória, e a vesícula distende-se por acumulo de sua própria secreção. A obstrução do colédoco pode ser calculosa ou neoplásica. Entretanto, raramente a obstrução por cálculo causa distensão da vesícula a ponto de torná-la palpável. Também se deve pesquisar a presença de hepato e esplenomegalia.

 

 
SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS:

Diversas queixas podem estar presentes em um paciente com icterícia, por isso a presença ou ausência de determinado sinal/sintoma na anamnese pode sugerir um diagnóstico. Portando, é necessária uma avaliação clínica cuidadosa e minuciosa para a descoberta do diagnóstico etiológico da icterícia e na orientação da condução clínica do caso.

- Febre: Baixa sem calafrios é sugestivo de hepatite aguda viral e hepatite alcoólica.  Com calafrios, sugestivo de colangite e sepse.

 - Acolia/hipocolia fecal: Indica deficiência de excreção de bilirrubina para o intestino. Durante a excreção, a bilirrubina direta se transforma em urobilinogênio no intestino, posteriormente em estercobilinogênio e depois em estercobilina, esta é responsável pela coloração amarronzada das fezes. Em casos de obstrução completa, a bilirrubina não consegue ser excretada e as fezes tornam-se acólicas. Acolia persistente sugere obstrução biliar extra-hepática.

- Colúria: Durante a excreção parte do urobilinogênio é reabsorvido pela circulação entero-hepática, dessa parte uma porcentagem volta para o fígado e outra vai para os rins para serem excretadas em forma de urobilina, dando a coloração amarelada da urina. Na hiperbilirrubinemia, há o aumento da bilirrubina direta circulante, consequentemente, mais quantidade é filtrada pelos rins, dando a urina uma coloração escura, chamada de “urina cor de coca-cola”.
 
- Dor: durante a anamnese é importante identificar a localização, intensidade, evolução, irradiação e o tipo de dor. Com base nas respostas do paciente podemos pensar em algumas patologias, por exemplo:

  • Hipocôndrio direito ou quadrante superior direito: cálculo biliar
  • Lombar contínua: CA de pâncreas
  • Leve ou desconforto do quadrante superior direito: hepatite
  • Dor aguda antes da icterícia: coledocolitíase
  • Dor em mesogástrio com irradiação para dorso + icterícia + perda de peso: CA de cabeça de pâncreas
  • Dor surda e leve, mais perceptível à palpação: Hepatites virais e medicamentosas agudas, congestão secundária a cardiopatia.

- Prurido cutâneo: Comum em doenças hepáticas colestáticas intra ou extra-hepáticas. Pode ser a primeira manifestação de doença hepática como ocorre na cirrose biliar primária.  

- Perda de peso: Comum em doenças hepáticas agudas e crônicas particularmente nas fases finais da doença crônica e nos casos de malignidade.  

- Outros achados: Aranhas vasculares, eritema palmar, anorexia, exantema.

 

 
Amanda Baião e Ana Elisa Kadri Castilho – Acadêmicas de medicina da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Monitoras da disciplina de Semiologia.
Dra. Flávia Fernandes – Docente do Departamento de Medicina da UNIR e responsável pela disciplina de Semiologia.

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